Por Ricardo Antunes – A crise sanitária e fiscal causada pela pandemia da Covid-19 parece não ter chegado a Câmara Municipal de Olinda, na Região Metropolitana do Recife. De janeiro a agosto de 2021, o legislativo municipal já desembolsou mais de R$ 260 mil reais com o pagamento de diárias para vereadores a assessores participarem de eventos em cidades com João Pessoa, Brasília e Maceió. Os dados estão disponíveis no portal da Transparência da Câmara e no portal Tome Conta, do Tribunal de Contas de Pernambuco. Alguns gastos chamam a atenção. Os vereadores Ricardo José de Sousa Lima, Jesuino Gomes de Araujo Neto, Alexandre de Lima Freitas receberem, cada um, um reembolso de 3 mil e quinhentos reais por 03 diárias em Maceió; enquanto o vereador Saulo Holanda Rabelo de Oliveira, recebeu o reembolso da 4 mil e 200 reais pelo mesmo período, na mesma cidade.
De acordo com o TCE, eles participaram do 10º Congresso para Gestores e Servidores Públicos na capital alagoana entre os dias 22 e 25 de abril deste ano. O evento teria sido organizado pelo IBC – Instituto Brasileiro de Cursos.
O que causa estranheza é que, nesse período, o estado de Alagoas estava na fase vermelha do plano de distanciamento social controlado, por conta da pandemia. Além disso, no período informado, a IBC CURSOS EIRELI não estava mais em funcionamento. De acordo com o site do Ministério da Economia na internet, o CNPJ da empresa foi encerrado em 15 de julho de 2020. Buscamos, por diversas vezes, informações sobre o referido evento na internet, mas não encontramos, da mesma forma que não localizamos o site da IBC.
Também em abril, os vereadores Osias Correia Guerra, Vlademir Labanca Barata, Denise Almeida Do Nascimento, Vinicius Nascimento Dos Santos, Josidete Barbosa Da Silva E Admilson Bezerra Torres ; além dos servidores: Daniel Silva Guerra, Danielly Batista Feitosa E Duvalina Cristina De Arruda participaram do 22º Encontro de Administração Publica Municipal. O evento teria ocorrido na cidade de João Pessoa, na Paraíba. Só com os valores das inscrições a Câmara pagou R$ 5.600,00. Além disso o legislativa de Olinda pagou, em média, um 3 mil e 500 reais a cada um para despesas com hospedagens.
O que esses pagamentos tem em comum? Todos os eventos aconteceram em cidades conhecidas pelo seu belo litoral, além de terem acontecido em um dos piores períodos da pandemia no país, onde grande parte das cidades estavam com restrições de circulação de pessoas e eventos. Esses são apenas alguns dos exemplos da farra do dinheiro público na Câmara de Olinda.
Em julho deste ano, os vereadores aprovaram uma licitação para comprar celulares de última geração e contratar serviços de telefonia e internet. O valor total do edital, lançado em 14 de junho deste ano, foi de R$ 470.672,40. O documento estabeleceu a contratação de 75 linhas telefônicas e celulares com valores, por unidade, de até R$ 7 mil. A despesa do contrato foi de aproximadamente R$ 27 mil por cada um dos 17 vereadores da Câmara Municipal de Olinda.
De acordo com o edital, os celulares devem ter tela grande de seis polegadas, além de câmera potente com gravação de vídeo com qualidade de cinema (tecnologia 4K). Os celulares disponíveis no mercado que possuem essas especificações custam entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.